Fausto Bordalo Dias Fausto Bordalo Dias - Madrugada

Madrugada, hora velha,
e cansada, amena.

Os deuses dormem tranquilos,
O sono da inexistência
Nos olhos apagados da cidade,
ainda hoje serão vistos,
ainda hoje recriados na memória.

Mas não agora que a madrugada
é toda feita de cansaço.

À mesma hora na metade clara do planeta,
numa qualquer esquina,
numa qualquer cidade,
onde o tempo não tem fome nem idade:

Ele lia o jornal,
Ela parou,
Um dos dois olhou.

"O casamento é muitas vezes anúncio de jornal:
Senhora nova deseja conhecer cavalheiro inteligente.
Culto, de boas familias e situação financeira estável.
Guarda-se o máximo de sigilo."

Ele lia o jornal,
O sinal mudou,
Ela atravessou,
Num adeus final.

"Estados Unidos da América:
Cientistas afirmam que as explorações espaciais levarão ao progresso do mundo e às portas do céu."

E eu estou aqui sentado,
Pensando que seria bom,
Não ser um homem tranquilo, cansado;
Obrigado a inventar a noite, que bate o ritmo dos dias no coração do tempo.

E no meio da noite uma ameaça traz-lhe a cada hora uma traição,
E no meio da noite uma ameaça traz-lhe a cada hora uma traição,
E no meio da noite uma ameaça traz-lhe a cada hora uma traição,
E no meio da noite uma ameaça traz-lhe a cada hora uma traição,
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